Duas especialistas de Harvard e da NYU, consultadas pela Real Simple, explicam como manter o cérebro ativo, reduzir os esquecimentos e prevenir o declínio cognitivo. Perder as chaves, esquecer o nome de um vizinho ou não lembrar onde estacionou o carro são situações comuns que todos nós experimentamos. Longe de ser um sinal alarmante, esses pequenos lapsos fazem parte da vida cotidiana. De acordo com a revista Real Simple, existem maneiras simples — e comprovadas pela ciência — de melhorar a memória e reduzir esses esquecimentos.
Com as contribuições da neurocientista Lisa Genova, doutora em Neurociência pela Universidade de Harvard, e da neurologista Shae Datta, codiretora de Neurociência Cognitiva na NYU Langone Health, sediadas nos Estados Unidos, ambas divulgaram estratégias práticas para fortalecer a saúde cerebral e a capacidade de lembrar.
Muitas dessas técnicas, além disso, são respaldadas por pesquisas do National Institute on Aging (NIA), uma entidade científica americana que promove hábitos para manter a mente ativa e prevenir o deterioramento cognitivo:
1. Atenção consciente: o primeiro passo para lembrar
A memória humana tende a reter o que é significativo, o que é novo ou o que se repete com frequência. Genova explica que o cérebro esquece facilmente as rotinas, mas lembra claramente eventos especiais, como um aniversário.
Por isso, prestar atenção é essencial: “Você não pode criar uma lembrança se não prestar atenção onde colocou o telefone ou o nome de uma pessoa”, diz ela. Reservar um momento para registrar mentalmente uma ação pode fazer toda a diferença.
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2. Emoção e memória: uma conexão poderosa
As memórias ligadas a sentimentos, sejam eles positivos ou negativos, são fixadas com mais facilidade. Genova exemplifica com o fato de lembrar o nome de um cachorro porque ele gera ternura, enquanto o nome do dono costuma ser esquecido. Associar uma emoção a um dado — como vincular o nome de uma vizinha à admiração pelo jardim dela — pode ajudar a retê-lo.
3. Visualizar, escrever ou desenhar a informação
Incorporar informação sensorial é outra técnica eficaz. Visualizar, imaginar ou associar imagens marcantes reforça a memória. Se alguém se chama Baker, imaginá-la com um rolo de massa ou com o aroma de pão acabado de fazer pode facilitar a lembrança. Escrever ou desenhar a informação também ajuda a fixá-la.
4. Associar um nome a vários dados
Criar múltiplas vias de acesso à informação fortalece a memória. Genova compara os nomes próprios a becos sem saída no cérebro, enquanto os substantivos comuns são avenidas com muitas rotas. Associar um nome a vários dados ou características constrói diferentes caminhos neuronais, o que pode proteger contra o Alzheimer.
5. Aprender coisas novas
Explorar atividades ou habilidades novas estimula o cérebro e promove a criação de novas conexões neuronais. Aprender um hobby ou idioma diferente ajuda a manter o cérebro mais flexível e ativo.
6. Cuidar do bem-estar geral
O bem-estar físico e mental influencia diretamente a memória. “Melhorar a memória é como treinar um músculo”, afirma Datta. Dormir bem, manter uma dieta equilibrada e praticar exercícios favorecem o fluxo sanguíneo cerebral, enquanto o estresse, a falta de descanso ou as deficiências nutricionais o prejudicam.
7. Controlar o estresse e praticar meditação
A meditação e o controle do estresse são fundamentais. O estresse crônico interrompe os processos mentais e dificulta a clareza de pensamento. Genova adverte que “se você tem estresse crônico, terá dificuldade para pensar com clareza”. Práticas como ioga ou meditação ajudam a manter a mente em equilíbrio.
8. Durma e alimente-se bem
Dormir entre sete e nove horas por noite é essencial para consolidar memórias e eliminar resíduos cerebrais relacionados a doenças neurodegenerativas. A falta de sono retarda o córtex pré-frontal, impedindo a concentração e a criação de novas memórias.
Uma alimentação equilibrada também é fundamental. Datta recomenda a dieta MIND — rica em vegetais, frutas, cereais integrais e frutos secos — por seu efeito positivo na memória e na cognição.
9. Exercício, prevenção e sinais de alerta
O exercício físico regular beneficia tanto o corpo quanto a mente. Genova ressalta que o sedentarismo aumenta o risco de Alzheimer e eleva o estresse, enquanto a atividade física diária melhora a qualidade do sono e a saúde cerebral.
Distinguir entre esquecimentos normais e sinais de alerta também é fundamental. Esquecer onde deixou o telefone é comum, mas não lembrar como chegar a um lugar conhecido ou que carro você dirige pode indicar um problema mais sério.
Diante dos lapsos cotidianos, a recomendação é não se angustiar e recorrer a ferramentas simples, como listas ou lembretes. Com essas estratégias, endossadas pelo National Institute on Aging, é possível fortalecer a memória e manter a mente ativa por mais tempo.