A segunda maior “ave do terror” da Colômbia foi descoberta no deserto de La Tatacoa: “Dimensões impressionantes”

Um grupo internacional de cientistas descobriu no deserto colombiano o fóssil de um fororoca gigante, 15% maior que o anterior, o que redefine as noções sobre a diversidade desses predadores pré-históricos na América do Sul

Uma recente descoberta no deserto de La Tatacoa abalou o mundo da paleontologia sul-americana: um grupo internacional de cientistas identificou o fóssil da segunda “ave do terror” da Colômbia, um predador gigante com quase três metros de comprimento, 15% maior do que o espécime encontrado anteriormente.

Esta descoberta, feita no Museu Paleontológico de La Tormenta e liderada pelo pesquisador Luis Gonzalo Ortiz Pabón, redefine a compreensão da distribuição e diversidade dos fororráceos no continente.

“São aves muito carismáticas que, segundo os dados disponíveis, existiram há cerca de 45 milhões de anos. Como o nome indica, é uma ave assustadora. Normalmente são muito grandes”, explicou Ortiz Pabón em entrevista ao El Tiempo.

O fóssil, informalmente chamado de “Poncho”, foi encontrado na mesma camada geológica que o primeiro exemplar colombiano, conhecido como “Paco”.

Ambos os fósseis foram preservados no museu fundado por César Perdomo no município de Villavieja (Huila), que se tornou referência para pesquisadores nacionais e estrangeiros.

Ao examinar os restos mortais de “Paco”, os cientistas descobriram outro fóssil maior, mas menos bem preservado, que foi inicialmente descartado para pesquisas futuras.

“Examinamos novamente o material e descobrimos sinais diagnósticos muito claros: uma ponte óssea sobre o canal, característica das aves-terror”, observou Ortiz Pabón.

As diferenças entre esses dois exemplares são notáveis. “Paco é grande, mas Poncho é 15% maior e seus ossos são muito mais fortes. Isso indica que ele era um animal mais compacto, com uma constituição física mais forte”, disse Ortiz Pabón.

Segundo estimativas científicas, Poncho pesava 180 quilos, enquanto Paco pesava 156 quilos e media quase três metros, meio metro a mais que seu antecessor.

“Já era difícil imaginar Paco, uma ave de dois metros e meio de comprimento com uma cabeça enorme, mas Poncho representa um desafio ainda maior. É um animal com ossos maciços e proporções impressionantes”, comentou o pesquisador.

O ambiente ecológico em que essas aves viviam é muito diferente da paisagem árida atual de La Tatacoa. No Mioceno médio, essa região era uma floresta tropical úmida com rios e fauna diversificada. Nesse ecossistema, os fororáquidos provavelmente desempenhavam o papel de principais predadores, movendo-se rapidamente e caçando animais de tamanho médio.

A descoberta de duas aves terroríficas no mesmo nível geológico levanta novas questões para a ciência. “O material é muito fragmentado, por isso não podemos determinar a que gênero ou espécie eles pertencem. Temos muitas perguntas. Podem ser espécies diferentes, o que é muito raro, porque fora deste país não foram encontradas aves terroríficas coexistindo nas mesmas camadas. Este é o primeiro caso em que isso ocorre fora deste país”, explicou Ortiz Pabón. Entre as hipóteses que a equipe está considerando, há um possível dimorfismo sexual ou a coexistência de duas espécies diferentes.

“A coexistência de duas espécies também nos levanta muitas questões: se eram espécies diferentes, quais nichos ocupavam? Como se distribuíam? Ou, pelo contrário, eram variedades da mesma espécie?”, acrescentou o pesquisador.

Além dos enigmas taxonômicos, esta descoberta é importante para compreender a biogeografia da América do Sul.

“Esta descoberta é importante porque amplia nosso conhecimento sobre as aves do terror em termos de sua distribuição. Ela confirma a hipótese de um grande intercâmbio biótico, de como essas aves participaram da migração da fauna entre o norte e o sul do continente”, disse Ortiz Pabón.

Os dados colombianos confirmam a ideia de que o Mioceno médio foi um período de grande diversidade ecológica na zona neotropical. “É normal encontrar várias espécies coexistindo, mas na Colômbia, em um ambiente tropical como este, isso é um fato excepcional. Isso nos permite começar a entender como ocorreu a evolução e a dispersão desses animais em ecossistemas diferentes dos ecossistemas dos pampas do sul”, observou o pesquisador.

Os avanços nas pesquisas em La Tatacoa mudaram a percepção científica dessa região. “Há muitos anos, dizia-se que não havia mais nada a ser descoberto em La Tatacoa. No entanto, graças às descobertas recentes — não apenas de aves-terror, mas também de xilopavos, mamíferos e pesquisas com isótopos —, vemos que esse ambiente é muito mais complexo do que se pensava anteriormente. Hoje, temos mais perguntas do que respostas”, reconheceu Ortiz Pabón.

Anabete Lima/ author of the article

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