Cortar cebola sem lágrimas: a ciência tem a solução

Uma equipe da Universidade de Cornell identificou métodos que diminuem a irritação ocular e o risco de dispersão de bactérias na cozinha doméstica. A coceira nos olhos e as lágrimas inevitáveis ao cortar cebola fazem parte do ritual diário de milhões de pessoas em todo o mundo. No entanto, essa cena, até agora considerada um mal necessário na cozinha, pode mudar radicalmente graças às descobertas da Universidade de Cornell.

Uma equipe de pesquisadores conseguiu decifrar o processo físico que torna o ato de cortar cebola uma experiência irritante e apresenta soluções eficazes que não apenas melhoram o conforto, mas também afetam a segurança e a higiene alimentar. Essa descoberta, publicada em 8 de outubro de 2025 e relatada pela Newsweek, revela novas recomendações para um dos ingredientes mais usados no mundo.

A origem científica das lágrimas

A pesquisa, liderada pelo engenheiro Sunghwan “Sunny” Jung, concentrou seus esforços em compreender o mecanismo exato pelo qual a cebola libera substâncias irritantes ao cortar suas camadas. O composto-chave identificado é o óxido de propanotial S, responsável por causar lacrimejamento e coceira nos olhos.

Por meio de câmeras de alta velocidade e modelos computacionais avançados, os cientistas da Cornell observaram que o simples ato de pressionar a faca sobre as camadas da cebola submete suas células internas a uma forte pressão.

Cada uma dessas camadas é revestida por membranas superior e inferior. Quando a lâmina atravessa a membrana superior, ela libera uma nuvem invisível de gotículas minúsculas. Conforme descrito pelos autores na Newsweek: “A lâmina primeiro perfura uma camada de névoa em alta velocidade e, em seguida, fluidos mais lentos se fragmentam em gotas”. O processo ocorre em duas fases e é muito mais rápido e intenso do que se acreditava.

Um dos aspectos mais impressionantes foi a velocidade das partículas liberadas, que pode variar entre 18 e 143 quilômetros por hora. Este número ultrapassa amplamente a velocidade de corte de um chef profissional, que se aproxima de um metro por segundo. Essa diferença explica por que os compostos que causam lágrimas agem quase imediatamente nos olhos de quem corta a cebola, sem dar oportunidade para uma reação preventiva.

Soluções que revolucionam a cozinha cotidiana

A equipe da Cornell comprovou que o método de corte impacta diretamente na quantidade de aerossol irritante liberado. Os pesquisadores afirmaram em seu artigo, publicado pela Newsweek, que “quando a lâmina da faca está mais cega e o corte é mais rápido, o número de gotas e a energia de lançamento aumentam drasticamente”.

Assim, confirmou-se o que muitos cozinheiros intuíam: usar facas bem afiadas e cortar com movimentos lentos não só reduz as lágrimas, mas também ajuda a limitar a dispersão de partículas irritantes.

Cortar cebola corretamente melhora a segurança alimentar e previne incômodos oculares

Outra opção eficaz é cobrir a cebola com uma fina camada de óleo antes de cortá-la, criando uma barreira que dificulta a liberação de compostos voláteis. Ambas as estratégias, simples e acessíveis, permitem melhorar notavelmente a experiência na cozinha.

Além do incômodo: segurança alimentar em foco

Este novo estudo vai além do incômodo ocular e alerta sobre as implicações sanitárias associadas ao corte de cebolas. O professor Jung alertou que a nuvem de gotículas gerada pode favorecer a disseminação de bactérias, uma vez que as cebolas podem abrigar microrganismos em suas camadas externas.

“Ao cortá-las, esses patógenos podem ficar encapsulados em gotículas, de onde podem se propagar”, explicou Jung em declarações recolhidas pela Newsweek. Além disso, ele destacou que a velocidade com que o vapor da cebola é expelido supera até mesmo a das partículas geradas ao tossir. Consequentemente, uma cebola contaminada poderia dispersar microrganismos muito mais longe e mais rápido do que se estimava até agora.

Diante desse risco, a recomendação é limpar cuidadosamente as camadas externas, usar facas afiadas e adotar técnicas de corte seguras e pausadas para minimizar a possibilidade de contaminação cruzada na cozinha.

Longe de ser um ingrediente trivial, a cebola revela sua complexidade graças à ciência. As descobertas da Cornell abrem um novo capítulo na prevenção de incômodos e riscos na cozinha doméstica. Cortar cebola com as técnicas adequadas não apenas torna a experiência mais confortável, mas também pode ter um impacto direto na higiene e segurança dos alimentos.

Este avanço transforma uma cena típica e incômoda em uma oportunidade de aplicar a ciência ao bem-estar cotidiano e demonstra que mesmo as ações mais simples podem esconder desafios e soluções surpreendentes.

Anabete Lima/ author of the article

Eu, Anabeth Lima, compartilho dicas diárias: passos simples para viver com mais facilidade, economizar tempo e energia e encontrar alegria em cada dia.

mebelesmajai