O que para alguns é lixo, para outros são recursos úteis para construir uma casa. Descubra todos os detalhes desta incrível habitação sustentável. Quando a criatividade se combina com a engenhosidade, surgem coisas maravilhosas. É o que demonstram Edna Dantas e sua filha Maria Gabrielly, duas brasileiras que construíram a primeira casa feita com garrafas de vidro recicladas numa região do país que vive do turismo e da pesca: a ilha de Itamaracá, que na língua tupi significa «pedra que canta» ou «pedra sonora».
Neste artigo, partilhamos todos os detalhes sobre como surgiu a ideia deste projeto, como foi realizado e, além disso, convidamos você a fazer um tour por alguns dos seus cômodos. Está pronto?
O nascimento de um projeto sustentável
Edna Dantas, educadora socioambiental, nasceu e cresceu numa zona onde os recursos eram limitados, por isso a sua infância foi marcada pela reutilização e pela criatividade, como ela própria indicou ao meio de comunicação brasileiro Globo: «Eu fabricava os meus próprios brinquedos de bambu, reciclava o que podia. Não sabíamos que era ativismo ambiental, era simplesmente como sobrevivíamos».
Nesse contexto, em 2020, Edna percebeu a grande quantidade de resíduos que se acumulavam nas praias do seu país e teve a ideia que marcaria um antes e um depois na sua vida: construir uma casa com garrafas de vidro.
A sua filha Maria Gabrielly juntou-se ao projeto, a quem, desde tenra idade, também incutiu o valor dos recursos e uma herança cultural e indígena que, como veremos mais adiante, está muito presente na habitação sustentável localizada a 100 metros da praia.
Como foi construída a casa?
Durante dois anos, mãe e filha trabalharam no projeto que chamaram de “Casa de Sal” (@casadesal.eco), cuja conta no Instagram ultrapassa os 20 mil seguidores. Ambas recolheram madeira reciclada e mais de 8.000 garrafas de vidro, que elas mesmas trataram à mão.
Na verdade, o processo de construção foi realizado por ambas. «Queríamos contratar mão de obra apenas para tarefas específicas, mas eles sempre queriam dar opiniões, corrigir, dizer-nos como fazer as coisas. Como se nos faltasse capacidade», relata Maria Gabrielly.
“Todo o processo da nossa eco-construção é 100% manual, desde a recolha das garrafas até à estrutura e ao acabamento. Usamos lã de aço e espátulas para limpar, polir e dar o toque final”, explicam numa das publicações do Instagram.
Apesar das dificuldades e da “técnica, gestão e visão” que o projeto exigia, como indica a filha de Edna, conseguiram erguer a Casa de Sal, um projeto com o qual procuram inspirar muitos e que descrevem como “a continuação de um legado e um longo caminho rumo à responsabilidade com as pessoas e com a nossa natureza”.
A casa tem uma sala com decoração local e mobiliário reutilizado, sete quartos com telhas feitas de tubos de pasta de dentes, uma casa de banho seca no exterior para reduzir o uso de água, divisórias feitas com paletes recicladas, paredes de vidro e muito mais.
O projeto foi tão relevante a nível nacional e internacional que agora recebe visitas de pessoas que procuram relaxar e desfrutar da ilha de forma sustentável. Desde janeiro de 2025, a Casa de Sal está disponível no Airbnb e destaca-se por oferecer «um amanhecer único, graças ao brilho das 8.000 garrafas que iluminam e protagonizam a nossa casa», como detalharam ao anunciar a notícia.
Entramos na casa feita com garrafas de vidro
Se por enquanto não pode desfrutar de férias no Brasil (quem nos dera!), convidamo-lo a acompanhar-nos numa visita guiada por esta habitação sustentável:
Quantos dias estaria disposto a passar nesta casa sustentável? O seu ambiente transmite uma sensação de aconchego e simplicidade que valoriza o trabalho artesanal e a importância de oferecer uma nova vida aos milhões de objetos que, neste momento, são considerados lixo.