Poda de rosas no outono: por que é melhor esquecer esse velho conselho de jardinagem

“No outono, corte tudo, senão elas vão congelar”, disse ele, e as lâminas brilhavam como uma promessa de outro tempo. Olhei para os frutos brilhantes da roseira brava, que ainda guardavam o calor, e pensei nos últimos invernos, nas geadas e nas semanas amenas, nas rosas que desabrocharam repentinamente em dezembro, como adolescentes impacientes. Parei por um momento e respirei o ar fresco. Todos nós conhecemos aquele momento em que a tradição se choca com a experiência. E você percebe: algo mudou. A tesoura espera — mas não da maneira que muitos pensam.

Por que a velha tradição do outono hoje é prejudicial

A velha sabedoria dos jardineiros soa tão reconfortante e clara: no outono, podar fortemente as rosas até o nível dos joelhos, limpar cuidadosamente, criar um descanso de inverno. Essa receita vem de tempos com longos períodos de geadas e raras fases de degelo, quando a madeira congelava calmamente e as rajadas de vento eram menos variáveis. Hoje, o inverno é uma mistura: vento, água, geadas com degelos, aquecimentos repentinos. A poda forte em outubro funciona como um sinal de despertar para os botões adormecidos — a planta produz brotos macios, e são esses brotos frescos que mais tarde congelam. Como resultado, a rosa perde força e estrutura. Parece paradoxal, mas é a realidade cotidiana em muitos jardins.

Em fevereiro, calculamos as perdas de brotos: à esquerda, quase quatro em cada dez brotos congelaram, à direita, pouco mais de um décimo, principalmente folhagens que cresceram macias. Além disso, aconteceu algo surpreendente: as plantas que foram tratadas com cuidado começaram a crescer mais cedo na primavera e floresceram de maneira mais uniforme.

Os números são secos, mas quando você está em junho diante de dois canteiros e o da direita está vibrando, você tem um momento de inspiração. Isso pode ser explicado do ponto de vista botânico. A poda forte altera a proporção dos hormônios de crescimento, a planta distribui seus estoques para os novos botões — exatamente quando a madeira deve amadurecer.

O tecido imaturo permanece suculento e vulnerável; o gelo, o vento e a umidade tornam-se três adversários em uma única linha de defesa. Ao mesmo tempo, grandes cortes abrem as portas para esporos de fungos, que estão por toda parte no outono. A poda leve reduz a área de exposição ao vento, acalma a copa e protege o local da vacinação e os brotos principais. A poda mais intensa é deixada para a primavera, quando fica claro o que sobreviveu e o que não sobreviveu. Não se trata de uma moda, mas de uma adaptação ao que está acontecendo à sua porta.

É assim que a poda de outono é feita atualmente: com cuidado, limpeza e estratégia

O processo se assemelha mais a uma “limpeza” do que a uma “colheita”. Remova as partes murchas, remova os brotos novos e macios, encurte os brotos muito longos em um terço para que o vento não os agite. Recolha as folhas doentes, não as jogue no composto com ferrugem estrelada. Amarre os brotos longos sem apertar muito, polvilhe o local da vacinação com terra solta ou composto, dez centímetros são suficientes. Como podar corretamente? Sem cirurgia. Um corte suave e leve alguns milímetros acima do olho externo, sem se preocupar com o ângulo ideal. Quem quiser deixar roseiras para os pássaros, pode fazê-lo. Para a rosa, isso não é problema agora.

Os erros típicos são fáceis de entender. Corte muito profundo por hábito. Cobrir a ferida, o que leva à retenção de umidade. Adubar no final do outono, porque “ainda está tão verde”. Corte radical das roseiras trepadeiras, o que leva à perda de botões no ano seguinte. Honestamente: ninguém faz isso todos os dias. Basta uma pequena verificação: como a planta balança com o vento, onde os brotos se esfregam, onde está realmente a madeira doente? Um toque suave estabiliza mais do que uma poda heroica. E sim, use luvas — as rosas apreciam a determinação suave, não as demonstrações de coragem.

Regra rápida para lembrar: não podar radicalmente, apenas estabilizar e limpar, fazer a poda principal apenas na primavera. Recentemente, uma jardineira-rosista expressou isso assim:

“No outono, eu acalmo a rosa, na primavera eu a formo”.

  • Agora: remova a folhagem macia, encurte os brotos longos, amarre, remova as folhas doentes.
  • Inverno: cubra o local da vacinação, em tempo frio adicione um cone rosa ou galhos secos.
  • Primavera: após as geadas mais fortes, faça uma poda de formação e rejuvenescimento, remova a madeira velha.

Inverno tranquilo: cuidados com as rosas

O mais bonito na rotina suave do outono é a tranquilidade que ela traz ao jardim.

Sem remorso em março, quando você descobre que metade dos brotos “corretamente” podados congelaram. Em vez disso, uma rosa que pode respirar no inverno e está pronta quando os pássaros ficam mais barulhentos. Sejamos honestos: o clima está mudando e nós, jardineiros, respondemos a isso não com rigidez, mas com delicadeza. Talvez seja essa a verdadeira sabedoria moderna. Quem poda com cuidado hoje colhe flores na primavera. E quem abandona a velha regra muitas vezes recebe em troca uma rosa mais viva.

Anabete Lima/ author of the article

Eu, Anabeth Lima, compartilho dicas diárias: passos simples para viver com mais facilidade, economizar tempo e energia e encontrar alegria em cada dia.

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